Rio de Janeiro – A presidenta da Associação
Brasileira de Medicina do Trabalho (ABMT), Nádia Ferreira, disse ontem
(11) que falta transparência, por parte das empresas, na divulgação dos
direitos dos trabalhadores no Brasil, além de falta de conhecimento
desses direitos por parte dos empregados. A ABMT comemora com um
congresso, que começa amanhã (12), os 70 anos de existência da entidade e
os 20 anos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
Esse programa é exigido por lei para todos os empregadores e
instituições que admitam trabalhadores como empregados, tanto dos
setores público, como privado.
“Eles acham que, se a gente está pedindo uma vacina,
está impondo uma condição. Não é isso. É que o sofrimento humano será
menor se eu tiver uma vacina utilizada, se tiver higienizado o ambiente,
se tiver uma proteção. O médico do trabalho, na realidade, atua com
saúde. Ele identifica todos os riscos para ajudar a gerenciar a
prevenção desses riscos se tornarem uma ação no ser humano”, esclareceu
Nádia.
Promover e preservar a saúde dos trabalhadores;
evitar consequências negativas, como os acidentes do trabalho e lesões
ocupacionais; promover o aumento da motivação e, em consequência, maior
produtividade; proporcionar a redução de gastos com os cuidados na saúde
do trabalho são algumas metas do médico do trabalho. “A medicina do
trabalho é uma especialidade médica relativamente nova em relação às
outras, cujo objetivo é a redução do sofrimento humano, antes que ele
aconteça”, sublinhou Nádia.
O setor está comemorando também o crescimento da
especialidade no Brasil. Somente no Estado do Rio de Janeiro já são
quase 12 mil médicos do trabalho. Nádia Ferreira disse ainda que, embora
seja um número significativo, grande parte da população não sabe o que é
esse profissional. O médico do trabalho avalia a capacidade do
candidato para uma determinada ocupação e faz reavaliações periódicas da
saúde do trabalhador, dando ênfase aos riscos ocupacionais aos quais
eles ficam expostos.
A presidenta da ABMT assegurou que o problema não
está nas grandes empresas, que estão sujeitas à fiscalização do
Ministério do Trabalho e do Ministério Público. “Podem ser multadas,
podem entrar em um termo de ajustamento de conduta [TAC]. Com isso, a
grande empresa tem perdas monetárias significativas. Isso ela não quer. É
mais barato investir na prevenção”. Para ela, o grande problema está
nas microempresas, que são “em grande parte empresas de fundo de quintal
e que trabalham, muitas vezes, com coisas contaminantes e não têm essa
orientação”.
Entre as empresas estatais, ela analisou que o “dever
de casa não é feito”. Ressaltou, porém, que já há algumas iniciativas
no sentido de fazer editais para contratação de especialistas de
medicina do trabalho. O ideal, segundo Nádia, é que as empresas públicas
e estatais tenham um serviço de medicina do trabalho próprio, como as
empresas privadas fazem. Admitiu, inclusive, que essas empresas podem
utilizar um pool de médicos do trabalho, a exemplo do que o Serviço Social da Indústria (Sesi) disponibiliza para as indústrias.
“E o governo, que tem a legislação, não cuida dos
seus servidores. Raramente você tem um setor que investe no servidor. Eu
acho que trabalhador é trabalhador, independentemente de onde trabalha.
Ele tem que ter orientação da prevenção, do que é risco para ele, e
saber como tem que se comportar para evitar riscos à saúde”.
A conferência principal do congresso abordará o
cuidado humanizado que deve ser dado nos atendimentos aos funcionários.
“O atendimento ao ser humano deve ser feito em sua totalidade, com
ênfase no respeito mútuo entre os colaboradores de uma mesma empresa. O
médico do trabalho cuida da pessoa para que ela tenha saúde e lazer, com
minimização dos riscos”, destacou Nádia Ferreira.
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