terça-feira, 23 de setembro de 2014

Dilma confronta números da Rede Globo e reafirma críticas a Marina

Dilma, na entrevista aos apresentadores do Bom Dia Brasil, reforçou as críticas a Marina
Dilma, na entrevista aos apresentadores do Bom Dia Brasil, reforçou as críticas a Marin
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Presidenta da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff afirmou, em entrevista exibida nesta segunda-feira, que manterá em um eventual segundo mandato os estímulos econômicos enquanto a crise internacional for grave, para proteger o emprego e o salário, mas indicou que pode “gastar menos” em caso de uma retomada do crescimento.

– Nós estamos numa situação em que o Brasil está na defensiva em relação à crise internacional, protegendo emprego, salário e investimentos. Por que nós protegemos isso? Porque vamos apostar numa retomada. Na retomada, às vezes muda a sua política econômica de defensiva para ofensiva, e como que se faz isso? Se faz de duas formas: eu posso na retomada gastar menos do que estou gastando para sustentar emprego, salário e investimento – disse Dilma, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, gravada no domingo e exibida nesta manhã.
Questionada se sua fórmula para recuperar o crescimento da economia seria diminuir os estímulos, a presidente afirmou:
– Não, mas eu vou manter os estímulos enquanto a crise for grave.
Nos últimos anos, o governo tem feito fortes desonerações tributárias para tentar estimular a economia, como redução de impostos para veículos e móveis, o que acaba afetando a arrecadação. Neste primeiro semestre, essas desonerações somaram cerca de R$ 51 bilhões, quase 45% a mais do que em igual período de 2013. Na entrevista, Dilma disse ainda que mudança na política econômica está vinculada a uma eventual recuperação da economia nos Estados Unidos.
– Nós achamos que a gente tem de ver como evolui a crise… Os EUA evoluindo bem, acho que o Brasil pode entrar numa outra fase, que precisa menos estímulos, pode ficar mais entregue à dinâmica natural da economia e pode perfeitamente passar para uma retomada – afirmou.
A questão econômica foi, ainda, motivo de críticas ao programa da candidata adversária Marina Silva (PSB/Rede Sustentabilidade).
– Tudo o que eu falo está no programa da candidata. A candidata diz: “vou tornar o Banco Central independente”. Ora, Banco Central independente nos termos do Brasil é simplesmente colocar um quarto poder na Praça dos Três Poderes. Aí vai chamar Praça dos Quatro Poderes – rebateu.
Dilma também negou que esteja usando a tática do medo contra Marina:
– Eu acho que estou alertando. Por exemplo, reduzir os papéis do banco… dos bancos públicos: Caixa, Banco do Brasil, BNDES. O que que significa? Imediatamente, eu quero saber como é que vão financiar a infraestrutura no Brasil. Hoje, como é que financia? Nós damos, para poder fazer qualquer obra de infraestrutura, 30 anos para pagar, cinco anos de carência, 5% de juros. O subsídio está no fato de que os 5% de juros, se for olhado em termos dos juros do mercado, ninguém fará infraestrutura no Brasil. Minha Casa Minha Vida, por quê? Porque o juro de mercado é 25%. O juro de mercado não compadece com o financiamento para infraestrutura, não é financiamento de longo prazo. Isso não é medo. Isso é real. Não sai rodovia, ferrovia, porto, aeroporto. Não sai metrô. Não sai VLT. Esquece, porque não sai.
Corrupção
Na entrevista, Dilma Rousseff disse que as investigações que envolvem a Petrobras não comprometem a exploração de petróleo no país.
– Isso é importante que fique claro. Toda essa investigação sobre a Petrobras não compromete o ritmo do crescimento da sua produção e nem o desenvolvimento do pré-sal – garantiu.
A estatal “foi responsável”, segundo Dilma, pelo déficit comercial do Brasil entre 2011 e 2013. Mas “a Petrobras já se recuperou”, afirmou a presidenta, argumentando ainda que a estatal já está batendo recordes de produção na camada pré-sal.
A Petrobras é alvo de uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto esquema de corrupção. Depoimentos do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa à PF, mediante delação premiada, revelaram um suposto esquema de repasse de recursos a políticos e partidos da base aliada, segundo informações vazadas à imprensa.
Além disso, há duas CPIs instaladas no Congresso para apurar eventuais irregularidades na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, entre outras questões envolvendo a estatal. Na entrevista, Dilma falou sobre a importância das investigações em curso:
– É impossível descobrir (se há corrupção) sem investigar.
Segundo ela, Costa era um funcionário de carreira da estatal e só chegou à diretoria porque tinha “credenciais” para ocupar o cargo. Dilma negou também que ele tenha assumido o cargo por indicação política no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
– Estamos hoje com a Polícia Federal investigando, nós temos uma investigação do Ministério Público, nós temos inclusive um instituto da delação premiada ocorrendo para poder descobrir o que acontece com crimes de corrupção. Crimes de corrupção, eles não são praticados à luz do dia. Eles têm de ser investigados. Por que que é que nós descobrimos? Nós descobrimos, porque fomos nós que descobrimos, porque quem descobriu é a Polícia Federal, ligada ao Ministério da Justiça. Portanto, ligado a um órgão do meu governo. A Polícia Federal integra o meu governo e nós demos integral (autonomia). Aliás, quem instituiu todos os mecanismos de autonomia da Polícia Federal foi o governo Lula. Antes do governo Lula, a Polícia Federal não saía por aí investigando o que lhe passasse pela cabeça; hoje sai – pontuou.
Dilma lembrou, ainda que o importante é acabar com a impunidade.
– Hoje se ela (a Polícia Federal) tiver indício, pode investigar, doa a quem doer. E nós não, nós não varremos para baixo do tapete nenhuma das investigações. Eu, inclusive, tenho estado muito preocupada com uma questão: eu acho que o Brasil precisa de combater a corrupção de forma determinada. Nós tomamos uma série de providências. Por exemplo, nós demos também estatuto de ministério para CGU, que é a Controladoria Geral do Estado, que é outro órgão que investiga também. Porque investigar que eu estou falando não é investigar no sentido jornalístico da palavra; estou falando investigar no sentido de quem produz prova, quem produz prova pra quê? Pra acabar com a impunidade. Porque não basta só investigar, você tem de punir – afirmou.
Correção de números
Na véspera, em outra entrevista, Dilma Rousseff disse que foi surpreendida com a correção, na sexta-feira, dos números da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) e negou que tenha havia pressão para que o IBGE mudasse os dados.
– O conselho diretor do IBGE é formado por funcionários do IBGE, não tem interferência externa coisíssima nenhuma. Esperávamos que não houvesse erro. É algo que nos surpreendeu tanto quanto surpreendeu todo mundo. Agora, nós temos obrigação de investigar – disse a presidenta a jornalistas, lembrando que foram abertas duas comissões, uma para investigar se o padrão técnico da instituição foi cumprido e outra para apurar eventuais responsáveis pelos erros, acrescentando que o instituto é respeitado no mundo inteiro.
Segundo o IBGE, os erros ocorreram porque foi utilizada uma projeção de população incorreta em sete Estados que têm mais de uma região metropolitana, explicou o instituto. Por conta disso, dados sobre a renda dos brasileiros e sobre a concentração de renda no país, entre outros, estavam errados. Os erros do IBGE na Pnad foram munição nos últimos dias para novas críticas ao governo pelos principais adversários da presidente na disputa eleitoral, Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).
Fonte: Correio do Brasil

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